quinta-feira, janeiro 25, 2007

MARROM 2

Eu estava sobre um gigastesco corpo marrom e era tudo que existia. Só os olhos de mesma cor garatiam que aquilo não era terra e que não era aquilo e que era aquele eu não sei. Estava tudo tão escuro que até o branco do olho dele era escurecido e os pêlos de couro bovino eram a única coisa a ser tocada. Ele fechou os olhos e tentou me agarrar e balbuciar, ele abriu os olhos e como nunca se assemelhou a um monte de terra com dois olhos gigantescos. De repente, ele começou a piscar com tal intensidade, olhos surgindo e sumindo tão mecânicos, que eu soube que tudo dependia apenas de mim naquele momento, mas mesmo assim quando assentei minha cabeça sobre a terra quente, vi que se tratava de um pulsar de coração pequeno de gente mesmo e quando tentei seduzi-lo, rocei e montei, me senti sujo e enterrado. Aprendi a piscar com a mesma intesidade, então de noite eu me sonhava azul e luz e de dia me deitava com a terra viagiando ou amava as coisas humanos. Todos os meus pensamentos eram no esforço de juntar tudo isso e supor que eu tinha um amor e uma vida, mas às vezes eu só sentia que eu tinha um corpo sujo e um sonho estranho, então eu precisava mais ainda daqueles olhos e talvez eu nem sentisse que a terra cada vez mais me era mais querida do que palavras balbuciada e gestos obscuros. Algumas pessoas a vida inteira já preferem animais a seres humanos e os velhos gostam mesmo é de plantas.

24/01/07 - LRP

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