domingo, abril 16, 2006

Nestor, Nestor...

Um só anel já basta
Para tornar toda a mão um fluido
Que torna o anel uma ponte suicida
Que me faz só observar de longe esse rio
Que dá de beber a dois sóis gêmeos que se põem
Entreabertos

sexta-feira, abril 14, 2006

Contra a a minha vontade, este blogue tem sido uma puta experiência de dialogismo mesmo em casos de monólogo...

HAHAHHAHAHAHAHAHA

...o autismo é sem-graça qdo transmitido...

MONOCROMIA

Caetano tem os olhos grandes. Sinto medo deles, castanhos, maciços. Piscam até que bem, bastante. São duas pinturas de terra numa parede acomodada: sinto todo o espanto que dois quadros gêmeos de terra informe e fecunda têm a oferecer ora pendurados, ora se camuflando na parede familiar de um lar. Sinto na boca o gosto do meu lar, embora nunca tenha me acostumado a estes olhos... Vejo-o pelo olho mágico. Se o lar é meu, a casa é minha: tenho as chaves. A nova batida é só mais um dos picos de meu medo perante a batida eterna: ele quer entrar. Escoro-me na porta de madeira. Marrom. Conforto e aflição.

LRP

domingo, abril 09, 2006

Poça

Ecomizo lâminas:
Tesouras & alicates
Unhas & cabelo crescem
Lentos,
Embora o tempo não faça sentido,
Anseio o encontro dos opostos:
Tudo é fio!
Limiar
O tempo age contra o poder,
Sobrevivem no domínio dos iguais
Amolo os metais
Mas numa unha me corto
Não faz sentido
Engolir o próprio cabelo
Nele se afogar
E olhar transbordar
Refletindo no gume.


LRP

sábado, abril 01, 2006

Um amor. Dois momentos. Dois poemas.

Falta sua barba em minha face
Seus olhos no meu corpo
Sem você,
Não há vaos por onde eu flua
Nem muros que me devolvam
Minhas lágrimas não preenchem
A gruta que seu mar fez em mim
E meus soluços não substituem
A maresia, maresia...
E além disso!, me diz,
Como se chora um deserto?


Sou todo ausência sua.


*

Você diz não se ter
Pra melhor se dividir
Se faz de vidro
E canta um mundo de pedra
Cacos de arco-íris
Não vão me seduzir:
Eu quero apertar
- Nem que seja um pinto mole -
Eu queria ouvir
Palavras nocauteantes
Bruscas...
Mas você é um sem-corpo de mil faces.

LRP