sexta-feira, abril 14, 2006

MONOCROMIA

Caetano tem os olhos grandes. Sinto medo deles, castanhos, maciços. Piscam até que bem, bastante. São duas pinturas de terra numa parede acomodada: sinto todo o espanto que dois quadros gêmeos de terra informe e fecunda têm a oferecer ora pendurados, ora se camuflando na parede familiar de um lar. Sinto na boca o gosto do meu lar, embora nunca tenha me acostumado a estes olhos... Vejo-o pelo olho mágico. Se o lar é meu, a casa é minha: tenho as chaves. A nova batida é só mais um dos picos de meu medo perante a batida eterna: ele quer entrar. Escoro-me na porta de madeira. Marrom. Conforto e aflição.

LRP

Um comentário:

fellipe.foureaux disse...

(e mil anos depois)

intrigante, não sei pq...