sábado, março 10, 2007

Um dia o mar invadiu a floresta sem inundá-la:

As ondas batiam tão fortes nas encostas
Que o mar coube em cada raiz
As pessoas sobrepunham suas roupas
Montanhas e pedregulhos aos bolsos
Para se lançarem aos rios,
Colaborando com o processo.
Cada folha caiu na sua vez
Prolongando o fim e
Antecipando o apodrecimento
Em que os frutos já caiam podres
Amargos desde as águas
E tudo já dialogava com o fim
Enquando todos choravam logo
Os seres redondos deslizavam
Por ladeiras intermináveis
E os amantes se apaixonavam
Violentamente sem poder amar
Belas virgens se exibiam corcundas
Do alto de saltos agulhas e edifícios
Penetrando o seio do concreto
Lenta e violentamente
Cada dia um pouco mais
Embora ninguém virasse os calendários
Com o papel agora afiado feito navalha
Os ferimentos todos cármicos
Amarelados sem qualquer carmim...
O alimento era merda nos lábios
E todas as peles eram lindas de tanto beber xixi
Tudo era pós-humano e posterior ao tempo
Num piscar de olhos esmurrado pela audácia de sempre existir

10/03/07 - LRP

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